Por Paulo Seixas, CEO da 1500fh.
Não é surpresa, para quem trabalha com tecnologia, a maior dificuldade das empresas atualmente: mais do que as dificuldades técnicas, o maior desafio hoje é encontrar profissionais qualificados, capazes de implantar uma cultura analítica.
Diego Puerta, presidente da Dell Technologies no Brasil, diz em entrevista na série UOL Líderes que o Brasil tem 400 mil vagas na área de tecnologia da informação, com altos salários, mas que o país não consegue preencher.
E segundo pesquisa da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), a situação tende a piorar: estima-se que o déficit de profissionais de TI deve chegar a 797 mil até 2025. A justificativa mais aceita é a de que o ritmo de formação não acompanha a crescente demanda do mercado, ou seja, faltam cursos de qualificação e graduações.
A questão não é só a falta de profissionais: os que existem, fazem parte de um grupo específico, e não representam a diversidade brasileira, o que leva a perspectivas e experiências muito limitadas. Mulheres são apenas 30% da força de trabalho no Brasil, segundo pesquisa feita em conjunto por PretaLab e ThoughtWorks – apenas 36,9% dos entrevistados pela agência se declararam negros/pretos ou pardos, e quase 80% se disseram heterossexuais.
É uma dor que a 1500fh, consultoria de tecnologia, sentia na pele: conforme a empresa crescia, a dificuldade não era encontrar projetos, mas sim profissionais adequados para ele. Foi quando decidimos mudar a estratégia: ao invés de buscar profissionais em um mercado com poucos talentos e altíssimos salários, formaríamos as pessoas que precisávamos dentro de casa.
A Uni1500 surgiu para os benefícios da própria 1500fh, mas logo percebemos que poderíamos auxiliar outras empresas a passar por esse mesmo processo.
Jorge Osman, Global Delivery Manager da Inchcape Digital, foi uma das pessoas que tomou esse passo junto com a Uni1500, iniciando um curso na Colômbia para formar desenvolvedores. Segundo Jorge, “Todas as soluções digitais e de IT, serviços que a gente entrega na Ichcape, decidimos fazer isso dentro de casa. Antes, contávamos muito com terceiros, e chegamos a conclusão que para ser mais eficaz, eficiente, rápido e reter a propriedade intelectual do que criamos, resolvemos formar esses profissionais e contratá-los para a empresa”.
Os alunos são envolvidos em casos reais da empresa, com projetos gerenciados e entregues seguindo a metodologia de gestão, a arquitetura, o modelo de dados e as políticas de privacidade e segurança, garantindo que eles terão contato com conteúdo que será verdadeiramente útil – tanto para o aluno quanto para a empresa.
Osman afirmou ainda: “Então a gente tem a ideia de sempre formar gente, acreditamos que fazendo isso, identificamos melhor os talentos, formamos as pessoas mais de acordo com as nossas necessidades, com a nossa cultura e com os nossos valores, dentro do modelo financeiro mais adequado, pois assim conseguimos formar as pessoas com o custo mais baixo.”
A experiência na Colômbia contou 18 jovens selecionados dentre seis ONGs da região – acreditamos na seleção inclusiva de profissionais baseada em growth mindset, e, em todos os projetos da Uni1500 trabalhamos com diversas ONGs para selecionar pessoas de baixa renda, oriundos de minorias, reforçando nelas a vontade de aprender. Dos 18 jovens que iniciaram o curso, 11 finalizaram e 7 foram contratados posteriormente para trabalhar na empresa, e continuam desenvolvendo atividades lá até hoje.
Elizabeth Vera, aluna que foi posteriormente contratada, afirmou: “Foi um grande aprendizado e uma oportunidade para minha vida. Este projeto me ajudou a não ter medo de novos desafios e a aprender a emergir na vida”.
Transformar vidas é a base do nosso projeto: realizamos uma formação contínua e efetiva: prática, sistêmica, individualizada, e personalizada que garante profissionais que desenvolvem, além das habilidades técnicas, as soft skills necessárias para desenvolver carreiras de sucesso. Como descreve Paulo Novak, ex-aluno, e ex-policial militar, mas que topou entrar no mundo da tecnologia: “O grande diferencial do curso, é que ali você tem na prática, o que você vai se deparar no dia a dia! Isso em tudo, a linguagem de programação, transformação de dado, o conhecimento que é passado ali é muito vasto e você pega um projeto de ponta a ponta, sabe? Eu aprendi a controlar um pouco mais a ansiedade e a comunicação também é muito importante, que é um soft skill onde eu tinha que melhorar bastante e venho melhorando muito, graças ao que eu aprendi ali no curso com storytelling e outros conteúdos que foram passados, me ajudou bastante com relação a desenvolver essas capacidades comportamentais.”.
Dar oportunidade a esses jovens é a base de todo o trabalho: dessa maneira, mudamos a estrutura da empresa por dentro, preparando-a para uma nova era, de transformação, diversidade e inovação. Dessa maneira, trazemos novas perspectivas, vivências e experiências para dentro da empresa, auxiliando a atingir novos públicos e resolver problemas universais.